Há algum tempo eu penso em escrever as memórias de nosso cãozinho, mas fui adiando, tomada por outros compromissos. Mas ainda é tempo, tempo de lembrar de muitas histórias, tempo de lhe fazer esta singela homenagem.
E foi de forma dramática que tudo ocorreu, tudo o que me fez sentar aqui e recontar: dois imensos cães jovens; uma moça desesperada; uma cirurgia de emergência; dias de intensa expectativa, entre a vida e a morte.
Mas esta é uma outra história, talvez seja melhor iniciar por onde tudo começou.

sábado, 10 de maio de 2014

Comida de cachorro? Nunca mais!



Quem disse que ração é uma boa comida para seu cão? Antigamente não tinha ração, minha Princesa, uma Pequinês branca de manchas pretas, viveu quinze anos, sem nunca provar ração. Eu preparava para ela arroz, com cenoura e miúdos de frango, e ela sempre foi uma cachorrinha saudável. Meu marido concorda: vai comer só ração, para ver se é bom!

E, desta forma, nunca demos somente ração para Woody. Ele comia ração misturada com um pouquinho de nossa carne ou frango do almoço. Ele gostava também de outras coisas, roubou e comeu muito pão com queijo do menino pequeno, e dia de jogo na sala sempre tinha pipoca a mais para ele. Com o passar do tempo adquiriu hábitos mais saudáveis, como comer uma a duas maçãs por dia, ou eventualmente uma pera.

E é claro, os irresistíveis biscoitos caninos. O que eles põe lá dentro? Houve um tempo em que imaginávamos que tinha uma droga muito viciante nos tais biscoitos, para ele gostar tanto. Nosso cãozinho nunca enjoou dos biscoitos, comia dois pela manhã, e talvez mais um à tarde. Na verdade ele pedia biscoitos a todos que acordavam na casa, tentávamos dar somente dois, mas eventualmente ele conseguia bem mais...

Se ele encontrasse meu marido na cozinha ou na sala em seu lanche da madrugada, ele ganhava mais alguns biscoitos salgados de gergelim. Na verdade ele tinha um grande apetite, e quando ficava mais roliço, a gente dava uma segurada, fazia campanha em casa para não dar lanches extras para o cão e deixava sua alimentação mais light. E tome de maçã!

Mas aos treze anos ele já não estava mais tão disposto para a comida, e tinha perdido peso e massa muscular. Ele catava os pedacinhos de carne ou frango da tigela, e deixava a ração. Passamos a comprar aquelas latinhas de pasta ou pedaços de carne ou frango, e misturar com a ração. Ele comia e depois de um tempo enjoava.

Então eu troquei a marca e o tipo de ração. Fui para as mais caras, tentei a "senior", tentei outros tipos, voltei para a antiga, e por fim desisti! Ele não queria mais comer nem ração, nem latinha! Pensei que deve haver um sistema de auto-regulação para os cães, e que na sua idade aquela comida já não estava mais lhe fazendo bem.

Fui no Google pesquisar e encontrei a alimentação natural para cães. Nada muito diferente do que preparava para a Princesa em minha mocidade. Vamos lá, comprei arroz integral, muitos legumes e miúdos de frango.

Gente! O cheiro era uma delícia! Todo mundo que passava pela cozinha perguntava o que tava cheirando tão bem! Tenho certeza que a comida também estava uma delícia. Preparava uma panela grande, e guardava na geladeira por alguns dias. Para ficar mais no capricho ainda colocava uma folhinha de louro, alho (é bom para o sistema imunológico), e um ramo de hortelã (para bom hálito!), um pouquinho de óleo de girassol (para lubrificar o intestino) e uma colherinha de sal.

Um verdadeiro luxo! Ele adorava a abóbora, comia a beterraba e a cenoura no enredo, mas gostou também da batata doce. Eu já preparava a comida da família, e já me perguntei milhões de vezes: por que ainda faço a comida todos os dias? E a resposta é só uma, eu gosto da minha comida e pronto! Como a família concorda, creio que cozinho bem, e que Woody também merece ter a comida preparada por mim.

Mas depois de algumas semanas e o peso recuperado, ele passou a fazer onda novamente. Catava a comida, deixava os legumes. Então tirei os legumes. Ficou mais fácil, arroz integral, miúdos e os detalhes. Ele voltou a comer.

Woody estava entrando em uma fase que chamei de "equilíbrio delicado", ele realmente estava bem, tomava seus comprimidos de glucosamina e condroitina, se alimentava com qualidade, e passeava todos os dias no condomínio acompanhado por um de nós. Tinha dias em que estava mais animado, dias mais preguiçoso, igualzinho ao vovô!

Dormia muito, esquecia do banho de sol das onze horas e precisávamos convencê-lo a ir para o quintal pegar sol. Deu de gostar de tomar banho de chuva, logo ele, que nunca gostou de chuva, dias nublados e frios. Quando víamos ele estava lá fora no meio da chuvarada, voltava encharcado, nós o secávamos mas daqui à pouco ele estava de novo todo molhado! Será que ele gostava da massagem com a toalha? Cãozinho safado, nosso Woody!
(Fotos: Woody já mais magro; com seu bigode de beterraba; e depois do banho de chuva e da toalha)

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