Há algum tempo eu penso em escrever as memórias de nosso cãozinho, mas fui adiando, tomada por outros compromissos. Mas ainda é tempo, tempo de lembrar de muitas histórias, tempo de lhe fazer esta singela homenagem.
E foi de forma dramática que tudo ocorreu, tudo o que me fez sentar aqui e recontar: dois imensos cães jovens; uma moça desesperada; uma cirurgia de emergência; dias de intensa expectativa, entre a vida e a morte.
Mas esta é uma outra história, talvez seja melhor iniciar por onde tudo começou.
sábado, 10 de maio de 2014
Woody valentão!
Não sei ao certo se Woody gostava de viajar, o que sei é que ele não gostava de ficar sozinho, e odiava que viajássemos sem ele... Lembro de uma vez em que nos preparávamos para sair de madrugada de carro, ele acordou e enquanto colocávamos a bagagem no automóvel, ele pulou no assento da frente e se grudou nele.
Acho que ele ficou pelo menos umas três vezes mais pesado. Com pesar o colocamos de volta em sua cama na sala, conversamos com ele, o afagamos e nos despedimos dele. Descobrimos que a melhor forma de deixá-lo era em casa, aos cuidados da Lu, nossa fiel escudeira, que o mimava talvez mais que nós.
Mas sempre que podíamos o levávamos conosco. Tínhamos um Ford Ecosport e gostávamos de viajar. Woody viajava junto dos meus pés, com seu potinho de água e um pacote de biscoitos caninos, afinal a viagem podia ser longa.
Programamos uma viagem ao sul, até Santa Catarina, casa de minha tia junto ao mar. Como de costume saímos de madrugada com Woody aos meus pés. A viagem foi tranquila, apesar do calor e do cansaço. Fizemos uma parada no Rio, e chegamos no dia seguinte à tardinha.
Minha tia tinha então três cães da raça Cocker Spaniel, a mãe e dois de seus filhos. O macho se chamava Cookie, tinha o pelo negro e lustroso, era roliço e um pouco maior que o nosso mascote.
De cara eles já não se entenderam. Rosnaram e latiram ferozmente um para o outro, e Cookie deixou claro que aquele território já tinha dono.
Uma pena, afinal havia um grande gramado à frente das várias casas de veraneio, e Woody ter que ficar preso na casa era lamentável. Era também vergonhoso que nosso cãozinho não soubesse respeitar o dono do local...
No dia seguinte fomos fazer o que viemos fazer naquele pedaço do paraíso, entre o rio, as dunas de areia branca, o mar selvagem e os rochedos, pegar uma praia!
Partimos cedo pela manhã com Woody debaixo do braço, e o enfiamos no pequeno barco que nos levaria até as dunas que escondiam nosso destino. Algumas remadas e alguns ajustes entre os remadores inexperientes e chegamos ao outro lado.
Que felicidade para Woody! Ele correu saltitante explorando seu novo cenário, enquanto escolhíamos um local para ficar. Àquela hora da manhã haviam poucos banhistas e diante do mar gelado, decidimos pela beira do rio, de água mais tépida.
Entramos na água e chamamos nosso amiguinho. Ele primeiro titubeou, mas a seguir se animou e nadou como um cãozinho perfeitamente afeito aquele novo ambiente.
Até aí tudo bem, mas o problema começou quando voltamos para a areia e Woody lembrou-se de marcar seu novo território, justamente nos montinhos de areia dos banhistas, e antes que conseguíssemos agarrá-lo ele carimbou a bolsa de um homem.
Seguiram se protestos e caras feias por todos os lados, e tivemos que pegar o barquinho de volta para a casa. Woody satisfeito com suas proezas, e nós com o rabo entre as pernas!
Desta vez, nem praia! Ele ficou chorando, trancado na casa, enquanto voltávamos à praia idílica.
Mas o pior ainda estava por vir. Eu estava sentada na varanda da casa, com Woody ao meu lado, lá adiante, a uns 50 metros de distância, estavam minha tia e meu tio com seus três cães. Cookie sentiu que a distância era segura, e para aproveitar melhor a tarde fagueira, ele se jogou de costas na grama, coçando-as ao que parece deliciosamente...
Quase deliciosamente! Woody disparou em sua direção, não houve como segurá-lo. Muito antes que eu o alcançasse, ele já havia se jogado sobre a barriga de Cookie, e agora os dois rolavam juntos pela grama entre dentadas e rugidos. Eu, meu tio e tia nos debruçamos sobre eles, até conseguir apartá-los, cada um com seu cão nos braços.
Muito bem Woody valentão! Só aprontou nas férias, encheu-nos de vergonha, e ainda quer viajar de carro?Assim não dá!
Na volta ainda fizemos um pernoite de hotel em algum lugar de São Paulo. Entramos com o cachorro escondido em uma pesada sacola. Desta vez ele não deu vexame, não latiu e nem mijou no quarto. Já chega também!
(Fotos: Woody na praia e no barco)
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