Há algum tempo eu penso em escrever as memórias de nosso cãozinho, mas fui adiando, tomada por outros compromissos. Mas ainda é tempo, tempo de lembrar de muitas histórias, tempo de lhe fazer esta singela homenagem.
E foi de forma dramática que tudo ocorreu, tudo o que me fez sentar aqui e recontar: dois imensos cães jovens; uma moça desesperada; uma cirurgia de emergência; dias de intensa expectativa, entre a vida e a morte.
Mas esta é uma outra história, talvez seja melhor iniciar por onde tudo começou.

sábado, 10 de maio de 2014

Pega ladrão! Pega ladrão!


Havia noites em que nosso cãozinho latia muito, e não há como precisar em que situações ele latia por conta de algum gato, rato ou gambá aventureiro, ou se por conta de algum outro tipo gatuno... De toda forma, muitas vezes levantamos, averiguamos, ou simplesmente o soltamos para que fosse à caça. Depois de muitas voltas pelo terreno, muitas cheiradas e latidos, ele voltava, e a gente podia dormir sossegados.

Mas em uma manhã, logo que fui acordar o filho mais novo para o colégio, recebi a intrigante pergunta pela frente: Mãe, cadê a minha mochila?

__ Como assim, cadê sua mochila?

__ Eu a arrumei ontem à noite e deixei em frente à estante, mas não está aqui.

Depois de uma vasculha rápida pela casa eu o levei para o colégio sem mochila, assim que a encontrasse eu a levaria para ele.

__ Mãe, tem mais uma coisa, lembra que ontem você deu carona para o André e ele deixou cair a carteira no carro? Eu coloquei a carteira dele na mochila, para devolver hoje.

Uma vasculha mais detalhada foi feita, mas nem Lu, e nem eu, encontramos a mochila. Lá pelas tantas da manhã o sol entrava pela janela da cozinha, e a luz fez me ver que a janela estava suja de terra. Terra? Chegando mais perto dava para ver as marcas de uma mão suja de terra. Ao lado da janela, na bancada de granito claro também. Colocando os olhos na altura da bancada dava para ver a marca de uma mão suja sobre ela.

Bem que quando levantei me dei conta que a tal janela estava aberta, estranho, pois eu tinha quase certeza de tê-la fechado ao ir dormir. Então tudo fez sentido: o meliante tinha se apoiado na janela da cozinha para alcançar o telhado, de lá entrou pela janela do quarto do garoto, que dorme com ela entreaberta. Encontrou a mochila novinha, mas não deu tempo de tirar os livros e cadernos de dentro, pois Woody começou a latir ferozmente - eram onze horas da noite -, o cara só teve tempo de descer correndo as escadas, saltar sobre o cão e se jogar pela janela da cozinha.

A menina do meio confirmou o horário, ela ainda estava acordada, mas não saiu do quarto. Logo depois Woddy parou de latir.

Liguei para o filho mais novo e avisei: infelizmente sua mochila foi roubada!

__ Então veja se em cima da mesa está o leptop do papai, eu o estava usando ontem à noite.

Não, não estava sobre a mesa. O sujeito colocou o laptop na mochila também. Velhinho o laptop, já tinha dado problema algumas vezes, nem valia grandes coisas, só mesmo para aborrecer. Ainda saí andando pelos condomínios, vendo se em alguma lixeira eu encontrava o material de escola do menino, que não ia ter utilidade para o camarada, mas nada, voltei de mãos vazias.

Ele só não levou mais coisas graças ao Woody, que ao descobri-lo (de certo pelo cheiro, já que sua audição não era mais a mesma), o fez fugir às pressas. Naquelas semanas em que a polícia esteve de greve nosso condomínio foi visitado várias vezes, e também o tênis novo da filha mais velha, que secava no sol, sumiu.

Sem polícia, e com ladrões de mochilas à solta, o jeito foi subir a grade e o muro junto ao portão de entrada do condomínio.

Mas mesmo depois desta providência, tivemos um novo episódio. Estávamos eu e meu pequeno vigilante em casa, eram umas sete horas da noite e Woody latiu muito lá na frente da casa. Dali à pouco ouvi: pega! Pega! Pega!

Estava escuro e tudo que vi foram uns homens pulando em cima de algo. Pensei que fosse Quin, o Retriever Labrador, em mais uma tentativa de fuga, mas não, soube depois que foi um sujeito que invadiu o terreno da frente e que foi agarrado e levado ao posto policial.

Mais um ponto para Woody! Não fosse por ele, a casa invadida podia ser a nossa. Ele é nosso pequeno herói!

Agora, azar mesmo, foi o do colega de meu filho, que tinha deixado cair a carteira em meu carro, e que estava na mochila para ser devolvida, e que acabou roubada! Ele teve que cancelar cartões, tirar novos documentos, e ainda perdeu uns cinquenta contos que tinha nela!

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